Síndrome congênita associada à infecção pelo vírus zika: consequência e fatores determinantes sobre o crescimento e desenvolvimento de crianças nos primeiros anos de vida
Abstract
No Brasil, após seis meses do surto pelo vírus Zika, foi verificado um aumento
incomum de recém-nascidos com microcefalia. Hoje existe um consenso de que o
vírus está associado não apenas à microcefalia, como também a alterações na
estrutura e nas funções do corpo, que sugerem a denominada Síndrome Congênita
associada à infecção pelo vírus Zika. Há relatos de que o Crescimento e
Desenvolvimento (CeD) de crianças que apresentam SCZ dependerão, sobretudo,
dos fatores extrínsecos determinantes. Portanto, pensou-se em conhecer o
Crescimento e Desenvolvimento da criança com a SCZ, a partir do seu contexto de
vida, como forma de reconhecer se há diferenças entre os casos e o que pode
potencializar as habilidades ou limitá-las. Este trabalho objetivou analisar as
consequências da Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika sobre o
Crescimento e Desenvolvimento de crianças nos primeiros anos de vida e seus
determinantes. Trata-se de um estudo descritivo e de caráter quantitativo. Foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, com o Parecer Consubstanciado Nº
1748285 CEP/ UERN de 27 de setembro de 2016. A partir das 2 a 3 visitas a cada
criança para aplicação do Questionário Sociodemográfico e sobre o Crescimento e
Desenvolvimento da Criança, foram analisados os aspectos sociais, econômicos,
concepção, gestação, nascimento, crescimento, desenvolvimento, socialização e
reflexos primitivos de 12 crianças com SCZ residentes na zona urbana de Mossoró RN. Utilizou-se para organização do banco de dados e realização da análise
estatística, o software Statistical Package for the Social Sciences 20.0. Nos achados,
foram identificados peso e comprimento abaixo do esperado para a maior parte das
crianças e quanto ao perímetro cefálico, todas as crianças, manifestaram limites
inferiores ao recomendado para a idade. No tocante ao desenvolvimento infantil, os
marcos que não foram atingidos, pertencem ao Domínio Cognitivo e ao Motor,
especialmente, a motricidade grossa (engatinhar, chutar, deambular). No entanto,
algumas crianças mostraram ganhos na aquisição das habilidades, nos Domínios
Socioafetivo e Motor, no que se refere aos marcos da motricidade fina (foco visual,
flexão/extensão de membros e movimentos de pinça) e a alguns marcos, em menor
frequência, dos Domínios Cognitivo (localização de sons) e Linguagem (emissão de
sons sem ser choro). Aliado a isso, percebeu-se que o CeD das crianças sofreu
influência de fatores biológicos e ambientais presentes em seu contexto de vida,
como condições sociodemográficos e socioeconômicos; gestação; condições do
nascimento; saúde da criança e; alimentação. Deste modo, destaca-se a importância
em se reconhecer as diferentes alterações provocadas pelo vírus Zika nas crianças,
principalmente, no que se refere ao CeD, visto que consiste numa patologia ainda
com características desconhecidas. A realização de outros estudos mostra-se
necessária para um maior aprofundamento das variáveis encontradas, relacionadas
com as potencialidades e dificuldades de alcance das habilidades pelas crianças com
SCZ.