Biodiversidade vegetal urbana: análise quanti-qualitativa da arborização de duas praças do centro de Mossoró (RN)
Abstract
A Floresta Urbana, que integra as áreas arborizadas e as áreas verdes de uma cidade, é um
elemento primordial para melhoria da qualidade de vida dos habitantes. Tão reconhecida é essa
importância que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as cidades contem
com pelo menos 12 m² de área verde por habitante. Não só para melhoria da qualidade de vida
a arborização funciona, mas é um instrumento estratégico quando se fala de preservação de
espécies nativas. No contexto citadino, as vias e praças públicas desempenham diferentes
funções, sendo uma delas abrigar grande parte da arborização de uma cidade. As praças
públicas, espaços que passam por um planejamento paisagístico prévio, têm potencial de dar
espaço à flora nativa, principalmente aquelas com maior potencial paisagístico. O objetivo do
presente trabalho foi realizar uma análise quanti-qualitativa da arborização de duas praças do
centro da cidade de Mossoró-RN e investigar como funciona a gestão da arborização desses
locais. O procedimento metodológico, de abordagem mista e com características exploratórias
e descritivas, consistiu na inventariação da arborização de duas praças da cidade, nomeadas de
Praça Bento Praxedes e Praça da Independência, e na aplicação de um formulário eletrônico
direcionado ao Departamento de Parques e Jardins (DPJ) da Prefeitura Municipal de Mossoró.
Na primeira praça foram inventariados 70 espécimes, dos quais 67,65% eram de origem nativa,
com maior representatividade para craibeiras e ipês. A segunda praça, com 18 plantas no total,
apresentou 88,89% de suas plantas sendo de origem exóticas, com maior presença de
castanholas, mangueiras e nim indiano. As problemáticas recorrentes foram comuns às duas
praças, mas com diferentes intensidades. A primeira praça era maior e mais recente e contava
com mais espécies nativas, porém apresentou 20% das plantas com raízes expostas e em muitos
casos danificando os passeios. A segunda praça era menor e mais antiga, apresentando
indivíduos em idade avançada, onde 22,22% apresentavam cupins e ninhos arborícolas. No
geral, ambas as praças apresentavam árvores com sintomas de vandalismo e com raízes que
danificavam em algum grau os passeios. A aplicação do formulário com o DPJ permitiu
verificar que a maior demanda para arborização da cidade é a aprovação do Plano Diretor de
Arborização Urbana (PDAU) e do Manual de Orientação Técnica para Arborização Urbana,
que está em tramitação no gabinete do prefeito e Câmara de vereadores. O Horto Municipal
Florestal supre as demandas da arborização da cidade, mas existe o desafio de aumentar a
diversidade de espécies nativas da Caatinga. Um ponto limitante também é a falta de metas de
curto, médio e longo prazo para arborização de vias e praças, que facilitariam os gestores a ter
horizontes e a avaliar sua atuação. Os principais desafios da arborização nas praças da cidade
de Mossoró são desafios quase unânimes às cidades que estão sobre o clima Semiárido:
aumentar a diversidade de plantas nativas, garantir o desenvolvimento das mudas mesmo com
a condição climática e conciliar as demandas das árvores urbanas com outros usos dos
equipamentos urbanos onde essas estão inseridas.