Do negacionismo da extrema direita brasileira em discursos sobre a ditadura militar no Brasil (1964-1985) à constituição de uma proposta arquegenealógica para o ensino de história
Abstract
O presente trabalho problematiza o negacionismo histórico identificado em discursos políticos
da extrema direita brasileira sobre a Ditadura Militar do Brasil e busca constituir uma proposta
didática relacionada ao tema para o ensino e aprendizagem da História na educação básica,
mediante a arquegenealogia de Foucault. Portanto, traz como objeto/problema o
questionamento acerca das possibilidades pedagógicas para a pesquisa e análise do discurso em
sala de aula, especificamente, em torno do objeto de conhecimento supracitado, com base no
método arquegenealógico foucaultiano. Tem como objetivo geral analisar o discurso
negacionista da extrema direita brasileira sobre a Ditadura Militar do Brasil e a possibilidade
de constituição de uma proposta metodológica de ensino e aprendizagem arquegenealógica da
História em torno do referido tema escolar. Trata-se de um estudo descritivo-qualitativo, cuja
abordagem segue um viés predominantemente qualitativo e traz como metodologia a análise do
discurso, sob a orientação da arquegenealogia de Foucault, para pensar e construir uma
proposta didática que valorize o diálogo docente-discentes, a contextualização do aprendizado
e a interdisciplinaridade, e faça, da pesquisa significativa em sala de aula, um meio eficaz e
ativo para se estudar a História. Nosso corpus é constituído de 42 materialidades discursivas
relacionadas ao problema deste trabalho, sobre os quais a análise se propõe em observar as
regularidades discursivas e problematizar as “vontades de verdade” encontradas, vislumbrandoas em uma situação didática. Os principais autores que compõem a fundamentação teórica são
Foucault e as obras Arqueologia do saber (2008) e Microfísica do poder (1998), para
estudarmos as noções fundamentais sobre a análise do discurso e conceituarmos o método
arquegenealógico; Dreifuss (1981) para o estudo historiográfico da tomada do poder e do
Regime autoritário inaugurado no Brasil em 1964; para auxiliar na constituição de uma proposta
didático-pedagógica sobre o tema em questão, trouxemos o método dialógico de Freire e Shor
(1986), a metodologia da contextualização do aprendizado da Atina, apresentada por Andrade
e Sartori (2016) e os conceitos básicos da História, reverberados pela Bittencourt (2008); e
Courtine (2009), para a orientação teórica de constituição de um corpus discursivo. A pesquisa
apresenta como resultados principais a constatação de um discurso negacionista que gera
inflexões na sociedade sobre a Ditadura Militar do Brasil e, neste sentido, apresenta-se como
um desafio para a historiografia brasileira atual, mas, também, que pode ser problematizado em
sala de aula de História, valendo-se de recursos e metodologias ativas, mediadas por autores
como Foucault que refletem sobre o discurso enquanto uma prática política e social.