Ensino de língua portuguesa por meio da análise de design e de elementos discursivos em fake news políticas: proposta de cartilha para identificação de notícias falsas
Abstract
A Era da Pós-verdade é considerada uma época em que os fatos objetivos possuem menos poder
de moldar a opinião pública do que opiniões pessoais (OXFORD LANGUAGES, c2020).
Como subproduto da pós-verdade, surgem as fake news, que, por sua vez, são fortalecidas pelos
fenômenos das bolhas-filtradas, criadas a partir da ação de algoritmos que visam captar as
preferências dos usuários. Considerando esse contexto, a presente pesquisa tem o objetivo de
propor procedimentos de checagem de informações que circulam em sites de plataformas
digitais para alunos de Ensino Médio, através de uma cartilha, considerando diferentes designs
de fake news políticas e sua discretização em componentes discursivos. Desse modo uma
suposição de trabalho que queremos investigar é a de que as fake news são dotadas de elementos
verbo-imagéticos e discursivos que podem permitir sua identificação, mesmo que postadas em
plataformas digitais diferentes e que tal sistematização não é realizada nas escolas. A base
teórica a qual nos aliamos procede de New London Group (1996), Cope e Kalantzis (2000;
2015) para as concepções de multiletramentos; acerca da criticidade, empregamos Janks (2016);
acerca da Desordem da Informação, pautamo-nos em Wardle (2017; 2018); para Fake News,
nos utilizamos de Tobias (2018), Seserig e Máximo (2017); Monteiro et. al ([2018]). Para as
noções de bolhas, nos amparamos em Pariser (2012). Sobre Pós-verdade, nos guiamos pelos
estudos de Santaella (2018), Oxford Languages (c2020), Coelho (2018) e D’ancona (2018). Em
atendimento aos objetivos traçados, realizou-se uma pesquisa qualitativa de natureza descritiva,
na qual construímos um corpus de seis boatos gerados em torno de Adélio Bispo após as
eleições de 2018, nas plataformas digitais Facebook, Youtube, Twitter e whatsapp, já
desmistificados em sites de checagem. Após a análise, fomos capazes de captar as categorias
presentes nesse tipo de corpus e, posteriormente, classificá-los em critérios de expressão e
conteúdo. Os resultados apontam que as fake news, não obstante a rede social em que são
publicadas, possuem um padrão de elementos que permitem sua identificação, sendo, alguns
deles perceptíveis através dos elementos de design que a compõem (elementos de expressão) e,
outros, mediante a análise da composição textual/imagética através da checagem mais
aprofundada (elementos de conteúdo), que foram organizadas numa cartilha informativa para
professores e alunos do Ensino Médio.