A Base Nacional Comum Curricular e suas implicações para o ensino da oralidade no ensino fundamental – anos finais
Abstract
O ensino da oralidade na Educação Básica está previsto em vários documentos oficiais que
orientam e normatizam o ensino brasileiro. Dentre eles destacamos a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) recentemente aprovada e publicada pelo Ministério da Educação, um
documento que tem como proposta promover um redesenho da educação brasileira, reforçando
as concepções teóricas já propostas em outros documentos, como os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN), publicados no fim na década de 1990. Nesse contexto, o ensino da oralidade
ganha destaque em virtude da sua relevância para o desenvolvimento sociocomunicativo do
sujeito, sendo a escola a principal responsável por desenvolver as habilidades e as competências
necessárias para a atuação do sujeito numa sociedade letrada que requer do usuário da língua o
pleno domínio da oralidade e da escrita em situações diversas. Desse modo, a presente pesquisa
documental, de cunho qualitativo e de natureza exploratória e descritiva, tem como principal
objetivo analisar as habilidades voltadas para o ensino da oralidade na BNCC com o intuito de
realizar o mapeamento dessas habilidades e a identificação das categorias da oralidade, a partir
dos gêneros orais, que podem ser ensinadas em sala de aula. Logo, a BNCC constitui o universo
desta pesquisa. Partimos da concepção de língua como interação (BAKHTIN, 2007) e de escola
enquanto agência de letramento que precisa preparar o aluno para o domínio da língua em
situações mais formais. Para fundamentar teoricamente nossa pesquisa nos apoiamos
principalmente em Bakhtin (2016), Bezerra (2017), Marcuschi e Dionísio (2007), Schneuwly e
Dolz (2011), Forte-Ferreira, Noronha e Soares, (2017) e Brun (2017). Quanto à metodologia,
organizamos o nosso percurso em três passos: primeiro, delimitamos o universo da nossa
pesquisa, centrando a nossa atenção nas habilidades que compõem os objetivos de
aprendizagem para o ensino de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental - anos finais. Nessa
etapa buscamos realizar um mapeamento dessas habilidades, identificando em cada uma a
possiblidade de se trabalhar a oralidade a partir dos gêneros orais explícitos nas habilidades.
Em seguida, separamos as habilidades que direcionavam para o trabalho com a modalidade oral
da língua, relacionando-as com as categorias da oralidade que devem ser trabalhadas em sala
de aula e, por último, descrevemos as categorias da oralidade que relaiconamos às habilidades
por meio dos gêneros orais propostos e das pesquisas de Forte- Ferreira (2014), Noronha (2018),
Jacob, Diolina e Bueno (2018), trazendo para a discussão reflexões importantes acerca do
ensino dessas categorias em torno do trabalho com a oralidade numa perspectiva de língua como
interação. Para descrever o nosso processo metodológico recorremos a Gil (2002, 2008),
Fonseca (2002) e Ludke e André (2014). Os resultados apontam que do total de 63 habilidades
presentes no 6o e 7o anos apenas 7 direcionam para o trabalho com a oralidade. Já no que
concerne às habilidades direcionadas para o 8o e 9o anos, de 65 habilidades somente 7
contemplam o trabalho com a língua oral. Além disso, a análise possibilitou a identificação das
seguintes categorias orais presentes nas habilidades direcionadas para o ensino da oralidade:
argumentação, marcadores conversacionais, turnos de fala, elementos paralinguísticos,
cinésicos e prosódicos. Assim, concluímos que se faz necessária a compreensão desses
elementos constitutivos da oralidade para que o aluno possa alcançar, de fato, as habilidades
necessárias para sua atuação em diferentes situações de comunicação, nos mais diversos
contextos da sociedade.