A topicalização do sujeito no falar culto mossoroense

Abstract

Nos compêndios gramaticais de perspectiva normativa, o processo de topicalização do sujeito é caracterizado como uma figura de linguagem marcada pela desorganização sintática, qual seja: o anacoluto. Por conta disso, muitos gramáticos concebem esse mecanismo sintático-discursivo como uma construção linguística a ser evitada, a exemplo de Bechara (2019). Distanciando-se dessa proposta, este trabalho objetiva investigar a topicalização do sujeito no falar culto mossoroense, a fim de demonstrar a hipótese de que esse fenômeno linguístico, além de ser motivado linguística e extralinguisticamente, é cada vez mais recorrente no falar de pessoas cultas. Para tanto, sob os fundamentos propostos por Bagno (2012), Castilho (2019), Coan et al (2016), Perini (2007) e Pontes (1987), realizou-se uma análise de transcrições de oito áudios coletados, em 2019, em um Projeto Institucional de Iniciação Científica (PIBIC), intitulado “Análise do Fonema /s/ em Posição de Coda no Falar Culto Mossoroense”. Com essa investigação, buscou-se responder, sob os pressupostos metodológicos da pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico, ao seguinte questionamento: “de que modo os fatores linguísticos e extralinguísticos favorecem a topicalização do sujeito no falar culto mossoroense?”. Para essa avaliação, observaram-se as seguintes variáveis: sexo e idade (variáveis extralinguísticas), extensão do sujeito, grau de animacidade, definitude (variáveis linguísticas). Quanto aos resultados, foi possível perceber que as análises corroboram as hipóteses norteadoras deste trabalho. Assim, conclui-se que o fenômeno analisado não se restringe a uma desorganização sintática. Ao contrário, trata-se de uma possibilidade linguística coerente e motivada, que progressivamente parece ganhar recorrência entre os falantes cultos mossoroenses.