Brás Cubas, o malandro burguês da literatura brasileira: privilégios e cumplicidades da classe dominante

Abstract

A obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, inaugura o período do Realismo no Brasil. Narrada pela personagem Brás Cubas após a sua morte, condição essa que lhe permite um debruçar sobre os fatos sem a preocupação do crivo social. Essa perspectiva machadiana aparentemente descomprometida com a sociedade mostra de forma verossímil os traços da estrutura da sociedade carioca do século XIX, e que, em muitos aspectos, a sociedade brasileira ainda não superou. Brás Cubas é parte integrante da sociedade burguesa carioca, apresenta todos os privilégios de um cidadão que nunca precisou trabalhar para se sustentar. Diante desse panorama, surgem os seguintes questionamentos: seria Brás Cubas um malandro burguês? Como essa personagem se constrói malandro burguês na diegese da obra? Desenvolvemos uma leitura analítica dessa narrativa sob uma perspectiva social, analisando elementos intrínsecos e extrínsecos, onde conseguimos localizar e analisar trechos da obra aliados a toda uma estrutura teórica composta por autores como Antonio Candido (1977), Roberto Schwarz (1987), John Gledson (2003), Alfredo Bosi (1978) e Jessé Souza (2019). Essa pesquisa se divide em: introdução, onde discorremos sobre as motivações desta pesquisa; o capítulo um, que apresenta o título: “Do referencial teórico à perspectiva analítico-metodológica”, no qual abordaremos as teorias que fundamentam esta pesquisa, bem como a nossa metodologia de trabalho; no capítulo dois, “O realismo brasileiro e o caso Machado de Assis”, tratamos sobre o Realismo, bem como a fortuna crítica e seus aspecto no que se refere à obra machadiana; no capítulo três, “Memórias póstumas de Brás Cubas e a malandragem burguesa no Brasil”, tratamos de oferecer uma abordagem critica na qual nossa proposta de pesquisa se desenvolve; e, por último, nossas considerações finais, momento esse dedicado a reflexões sobre a nossa temática e sobre os resultados deste estudo. A motivação da pesquisa consiste em entender as origens de nossa sociedade atual, como também deixá-la como contribuição para futuras gerações.