Turismo, dinâmica do setor de serviços e seus possíveis problemas ambientais no litoral de Areia Branca, RN
Resumo
Na zona costeira nordestina, a atividade turística tem sido uma dinâmica fonte produtora e
consumidora de espaço. O município de Areia Branca-RN, cidade que tenta minimamente
explorar, pelo turismo, sua área litorânea composta por atrativos naturais (praias, dunas e
falésias), tem sido alvo de políticas que visam transformá-la em destino turístico da região da
Costa Branca potiguar. Tendo em vista a atual pretensão do poder público e privado em tornar
Areia Branca-RN um dos destinos turístico da região, e os reais problemas ambientais que
esta atividade tende a provocar, surgiu o problema que norteou esta pesquisa: quais problemas
ambientais, decorrentes da oferta de serviços de hospedagem e alimentação, podem ser
observados ao longo do litoral areia-branquense? Este estudo se justificou na possibilidade de
incentivar o poder público competente, os empresários e a população residente a uma reflexão
sobre a implantação do turismo na cidade de Areia Branca/RN, visando pensar o processo de
produção dos espaços turísticos e os problemas que esta atividade poderá ocasionar,
principalmente na área ambiental, observando as possíveis consequências que um turismo de
massa poderá trazer para o município e para o meio ambiente. Metodologicamente, o estudo
foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica, documental e de campo. A pesquisa de campo
se deu através da aplicação de questionários com 32 empresários do setor terciário da orla de
Areia Branca (hotéis, pousadas, bares e restaurantes). Também foi realizado um levantamento
e descrição das atividades turísticas ao longo da orla, através de um check list dos problemas
ambientais observados in loco. Por fim, foi realizada uma entrevista com o poder público
local. Como resultados, percebeu-se que, apesar de a atividade turística ser ainda limitada,
amadora e incipiente neste recorte espacial, já podem ser observados certos tipos de danos ao
meio ambiente, principalmente decorrentes de construções irregulares, problemas de
esgotamento e má gestão dos resíduos sólidos. Tais adversidades ainda são menores, em
termos quantitativos, se comparados às dinâmicas de destinos turísticos consolidados; todavia,
já demonstram a inadequação ambiental vigente na orla de Areia Branca, a pouca efetividade
do poder público em fiscalizar a área e, o mais importante, revela uma lógica da produção do
espaço pouco atenta aos princípios básicos de um turismo competitivo em termos de
qualidade ambiental. No geral, do ponto de vista geográfico, temos mais um exemplo de
cidade litorânea nordestina fortemente influenciada pelos discursos do turismo como
‘salvação da lavoura’ que, minimamente, não tem condições de suportar, em termos
ambientais, a expansão da atividade. Impera no território areia-branquense, pois, uma lógica
territorial mercantil amadora, decorrente de empresas familiares e da ação pontual e dispersa
do poder público em regular e gerir questões ambientais básicas de seu litoral. Nesse sentido,
a produção do espaço do terciário na cidade, embora seja pensada a partir de uma lógica
global de reprodução de um turismo moderno, termina sendo mais a reprodução socioespacial
de desigualdades locais pré-existentes no território em sua forma-conteúdo, não permitindo,
assim, a existência do desenvolvimento como um fator qualitativo para a cidade.