Paisagens construídas: a implantação do arqueoturismo no Rio Grande do Norte a partir do final do século XX
Abstract
Esta pesquisa é um estudo de caso da situação das paisagens construídas, do Rio Grande do
Norte, a partir dos sítios arqueológicos, tendo como foco a implantação do arqueoturismo a
partir do final do século XX. Para tanto, foram observadas a influência dos fatores geográficos
(aspectos físicos) nas áreas dos sítios arqueológicos, as questões políticas envolvidas, assim
como a logística implantada. O estudo adotou os seguintes procedimentos metodológicos:
levantamento bibliográfico sobre as iniciativas públicas e privadas de implantação do
arqueoturismo no Estado do Rio Grande do Norte; entrevistas semiestruturadas com
autoridades públicas e guias/condutores de turismo dos municípios de Apodi, Carnaúba dos
Dantas, Parelhas e Serra Negra do Norte; coleta e análise de fotos e das documentações públicas
(em órgãos como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- IPHAN e prefeituras
municipais). Diante dos resultados da pesquisa, foi possível observar que os fatores geográficos,
políticos e a logística foram determinantes para a implantação do arqueoturismo. Os fatores
geográficos mostram os sítios arqueológicos localizados em área de média encosta, com
altimetria de até 430m ou em planícies com até 199m, próximas às sedes dos municípios. Isso
facilitou o acesso e a socialização dos mesmos, permitindo, quando de sua implantação, a
visitação pública através do arqueoturismo com segurança. Com relação à implantação de
políticas públicas para o desenvolvimento do arqueoturismo nesses municípios, foi possível
constatar que Carnaúba dos Dantas, Parelhas e Serra Negra do Norte têm realizado esforços nos
últimos anos para obterem êxito nessa atividade (relativamente recente para eles), contando
também com as cobranças do ministério público relativas à preservação do patrimônio cultural.
Com relação à logística, nos municípios seridoenses que foram analisados, o arqueoturismo
ainda acontece de forma bastante sazonal e com pouco envolvimento da comunidade local,
sendo os estudantes a maioria entre o número de visitantes, embora não sejam fielmente
registrados. Já no município de Apodi, a situação é bem mais favorável, onde a população do
entorno do sítio se interessou mais e se envolveu no processo de desenvolvimento do
arqueoturismo, desde sua implantação em 1992, onde o número de visitantes ao Sítio
Arqueológico Lajedo de Soledade tem se mantido em média de 7.000 durante os últimos anos,
sendo também a maioria formada por estudantes.