Crenças, influências e práticas no autocuidado da puérpera e com o lactente
Resumo
O indivíduo após o seu nascimento, vivencia vastas experiências a partir de ensinamentos, crenças e práticas empíricas passadas por diversas gerações principalmente de familiares, onde têm um peso significativo em diversos momentos da vida, sendo acentuados na mulher no ciclo gravídico-puerperal. Deste modo, o referido estudo tem como tema central as crenças, influências e práticas no autocuidado da puérpera e com o lactente, objetivando de forma geral identificar a influência que os aspectos culturais trazidos por familiares, vizinhos e amigos afetam no autocuidado das puérperas, bem como, no cuidado de seu filho (a) na referida fase. A pesquisa caracteriza-se como exploratória de natureza qualitativa, através de um grupo focal norteado por um roteiro e os dados foram interpretados a partir da técnica de análise de conteúdo de Bardin. O estudo foi devidamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em 18/02/2023, registrado com o número do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 65599722.0.0000.5294. A amostra foi composta por 6 mulheres da Unidade de Saúde da Família Sulivan Medeiros, zona leste do município de Caicó-RN. Os principais resultados indicam que as puérperas praticam e são detentoras de um amplo acervo de conhecimentos empíricos que englobam os aspectos de higiene corporal, benzimento, nutrição, coto umbilical do lactente, e ações tidas como permitidas ou restritivas durante esse período. Além disso, os achados evidenciaram a dualidade dos saberes científicos e populares presentes nos discursos proferidos pelas mulheres, assim como também destaca a figura materna, seguida da sogra, esposo e amigos como os principais agentes influenciadores na tomada de decisão das mesmas, atitudes estas advindas de ações movidas pela insegurança, influência de terceiros e a cultura que estão enraizadas no contexto familiar, ambiental e social, executando modelos pré-estabelecidos inconscientemente construídos a partir de experiências e saberes já existentes relacionados ao cuidado com si e com os outros. Outrossim, apontou-se a necessidade da inserção dos saberes populares na formação dos enfermeiros, através da inserção na graduação assim como na educação continuada e permanente desses profissionais, pois é imprescindível que, os profissionais da saúde, especialmente da enfermagem, conheçam as práticas populares que envolvem a sociedade do seu núcleo de assistência para a realização de um processo de educação em saúde pertinente e efetivo, implementando um plano de cuidado baseado na integralidade que contemple as necessidades de cada mulher.