Estigma social de pessoas em uso de substâncias psicoativas

Abstract

O uso abusivo de substância psicoativa (SPA) tem sido abordado como um problema de saúde pública, especialmente na saúde mental. Essas demandas perpassam pela política de saúde mental desde o ano de 2001, com a institucionalização da Reforma psiquiátrica (RP) Brasileira e a criação do Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas (CAPS ad), junto com a Política de Redução de Danos. Muitos são os desafios para efetivação das políticas de saúde mental vigente, sobretudo os problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas, sendo o estigma social sofrido pelo usuário um exemplo de como é complexo o processo de ressocialização e reabilitação do sujeito. Objetivou-se compreender a experiência do usuário de substâncias psicoativas frente ao estigma vivenciado. Pesquisa qualitativa, desenvolvida mediante entrevista semi-estruturada, com 20 usuários de SPA em tratamento no CAPS ad de Caicó-RN. A coleta foi realizada nos meses de setembro de 2023 a janeiro de 2024, após Aprovação no comitê de Ética em pesquisa através do parecer n°5.932.935 (CAAE n° 67552623.2.0000.5294). Os dados das entrevistas foram transcritos pela plataforma editável WORD e, posteriormente, confeccionado Corpus em plataforma “Libreoffice” e analisado pelo Software gratuito Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ), para categorização das classes obtidas. O IRAMUTEC gerou seis classes que sugeriram a construção de quatro categorias temáticas: 1 - Autoexclusão e exclusão social do usuário de SPA: implicações e caminhos possíveis; 2- Consequências do uso problemático de SPA: preconceito, (re)inserção e acreditação social/familiar; 3 - Entre experimentações e sensações: uso recreativo versus uso problemático; 4 - A luta contra o preconceito/exclusão: autopercepção, tratamento no CAPS ad e padrão de uso. Conclui-se que o estigma é potencializado pelo uso nocivo e considerado um obstáculo para o processo de (re)inserção social, onde os usuários mediante a ‘marca social’ de ‘dependente químico’ sofrem para serem incluídos na sociedade. Destaca-se o papel fundamental do CAPS ad para o enfrentamento ao estigma sofrido pelos Usuários.