Direito penal mínimo: a despenalização do furto à luz do princípio da proporcionalidade
Resumo
A presente monografia tem por escopo analisar a proporcionalidade da aplicação da
pena privativa de liberdade ao delito de furto. Diante disso, a problemática que
norteia essa pesquisa envolve a discussão acerca da proporcionalidade das penas
no âmbito da incidência do crime de furto, notadamente sob égide do princípio da
intervenção mínima. Dessa forma, busca-se refletir se a punição de condutas
relacionadas ao furto com pena privativa de liberdade são proporcionais à gravidade
da infração, ou se medidas alternativas poderiam ser mais adequadas para a
proteção dos bens jurídicos envolvidos. Nesse contexto, as reflexões aqui propostas
serão supedaneadas pelos contributos teóricos fornecidos pela Criminologia Crítica
e pela principiologia que informa o Direito penal Mínimo, com o desiderato de criar
um campo importante de reflexão sobre a carga valorativa que ainda vincula o bem
jurídico patrimônio no ordenamento jurídico-penal, oportunizando não só uma
reflexão abstrata em torno da desproporcionalidade da pena privativa de liberdade
aplicada ao furto, mas discutindo também propostas concretas alternativas para o
seu tratamento. Vale ressaltar que a discussão suscitada no presente trabalho não
significa impunidade, mas sim uma abordagem mais justa e proporcional para lidar
com esse delito, evitando o encarceramento automático e privilegiando medidas que
busquem a reparação do dano, a prevenção da reincidência e a reinserção social do
autor com foco na busca pelo equilíbrio entre responsabilidade penal e respeito ao
direitos humanos. Nessa toada, a pesquisa se imiscui em questionar a ideologia por
trás de todas mazelas existentes no sistema de justiça criminal brasileiro,
notadamente através de uma crítica veemente ao Direito Penal desigual e a crise
penitenciária, o que possibilitará transpor as fronteiras do campo teórico para
materializar graves considerações sobre a política criminal atual e de suas
consequências nefastas. Com efeito, essa análise perquirirá as funções do Direito
Penal, mormente no que concerne aos objetivos defendidos com a pena privativa de
liberdade, bem como analisar o delito de furto e a tutela jurídica do patrimônio à luz
da principiologia que informa o Direito Penal Mínimo e, por ultimo, empreender, pela
via do princípio da proporcionalidade, um juízo de racionalidade que leve em conta
os benefícios e os prejuízos decorrentes do aprisionamento. Para tanto, será
realizada uma pesquisa bibliográfica, com base em doutrinas, jurisprudências,
tratados internacionais, além de estudos comparativos com outros ordenamentos
jurídicos, de natureza qualitativa, cujos procedimentos serão de ordem dedutiva, a
fim de sustentar a necessidade de uma revisão crítica do atual tratamento penal do
furto. Ao final desta pesquisa, espera-se contribuir para o debate acadêmico sobre o
Direito Penal Mínimo e fomentar reflexões acerca da despenalização do furto,
pautando-se no princípio da proporcionalidade como uma ferramenta fundamental
para a construção de um sistema penal mais justo e eficaz.