ABORTO: UMA ANÁLISE À LUZ DA OFENSIVIDADE SOCIAL
Resumo
Este estudo tem como objetivo analisar a prática do aborto no Brasil, considerando sua
natureza multifacetada e abordando o paradoxo imanente entre violação e proteção ao direito à vida,
no intuito de realizar uma apreciação da norma incriminadora do aborto em face do elemento da
menor ofensividade social, analisando, ainda, a necessidade, adequação e proporcionalidade em
sentido estrito, todos elementos integrantes do princípio fundamental da proporcionalidade. O
elemento da menor ofensividade social é trazido como norte da presente pesquisa, que se estruturou
sob as bases da pesquisa bibliográfica, esmiuçando a formação ideológica da mulher, entendida como
símbolo de reprodução, avaliando as consequências da criminalização da prática do aborto no Brasil e
ponderando a legitimidade da norma penal proibitiva à luz de uma interpretação conforme a
Constituição e das discussões sobre sua constitucionalidade nos polêmicos julgados da suprema Corte
do país sobre o tema. Em sua conclusão, o trabalho aponta pela “inconstitucionalidade” da proscrição
do aborto, por entender que a norma penal em comento, da forma vigente, não atende especialmente
ao elemento da menor ofensividade social, vale dizer, traz efeitos severamente mais graves à
sociedade do que os que se quis prevenir.