A trajetória de vida da população lésbica, gay, bissexual, transexual e travesti em situação de rua
Abstract
A construção sócio-histórica brasileira é repleta de opressão e exploração dos
grupos sociais minoritários e/ou excluídos, em especial, negros, mulheres, crianças,
indígenas, população LGBT, fundamentada no patriarcado, racismo, classismo,
sexismo e colonialismo. A população LGBT em situação de rua passa por um
processo de dupla violação, por vezes lidando com a intolerância familiar, a não
existência de uma rede de laços familiares e comunitários que possibilite o suporte
nesse momento de vulnerabilidade e desafios por vezes levando-os a habitar as
ruas. Necessitam, pois, de uma atenção que leve em consideração suas
particularidades de forma contextualizada. Com essa compreensão, o objetivo desse
estudo é levantar a produção de conhecimento sobre a trajetória de vida da
população LGBT em situação de rua na sua relação com o cenário econômico,
político e social marcado por perda de direitos sociais. Para dar conta do objeto de
estudo, realizamos uma revisão integrativa realizada nas fontes de dados Scientific
Electronic Library Online – SciELO, Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde – LILACS e Medical Literature Analysis and Retrieval System
Online- MEDLINE, em artigos publicados no período de janeiro de 2013 a agosto de
2019. Como resultado identificamos 106 artigos, que abordavam sobre a População
em Situação de Rua, em sua grande maioria enfatizando a relação entre a situação
de rua e o uso de drogas, as doenças infectocontagiosas e a saúde mental; 48
artigos que discutiam sobre a População LGBT, enfatizando o cuidado a saúde, o
acesso a saúde, a violência promovida pela homofobia, os discursos de ódio
desencadeado nas redes sócias, os desafios e preconceitos enfrentados, bem como
a invisibilidade e a solidão que muitos vivenciam; 1 artigo que abordava a população
em LGBT em situação de rua, explorando a trajetória de vida dessa população, os
motivos da sua inserção nas ruas; os desafios e dificuldades que enfrentam; a
caracterização dessa população, incluindo faixa etária, identidade de gênero e
orientação sexual; e, aponta os vínculos escolares interrompidos desencadeado pela
LGBTfobia presente no âmbito escolar; a frequente violência física e sexual por
àqueles que se declaram heterossexuais. Estão mais sujeitos à prostituição, ao
abuso de álcool e outras drogas, tornando-se mais suscetível à discriminação. A
identificação de apenas um artigo que aborde a temática é deveras preocupante e
reforça a necessidade da realização de mais pesquisas acerca de um problema que
existe na realidade concreta, como forma de dar-lhe visibilidade social e contribuir
com a construção de estratégias para o seu enfrentamento. Esse é o sentido de
pertinência social da produção de conhecimento.