Álvaro de Campos e a poética da desilusão
Abstract
Álvaro de Campos foi o heterônimo mais moderno de Fernando Pessoa.
Considerado o alter ego de Pessoa, seus poemas retratam três fases, a
decadentista, a sensacionista e a intimista, nas quais o poeta sentiu-se pessimista,
eufórico e desiludido com a vida. Entretanto, para a realização desta pesquisa, fez se necessária a terceira fase, na qual o sujeito poético abandonou toda a alegria pelo novo, e passou a expor os seus sentimentos de abulia mais profundos,
possibilitando questionar, assim, os motivos que levaram a poesia de Campos ter se tornada desanimada. Diante disso, o presente estudo objetiva analisar os poemas “Adiamento” (1928), “Apontamento” (1929) e “Não, não é cansaço...” (s.d.), do poeta Álvaro de Campos, com o intuito de encontrar indícios que comprovem a existência de uma escrita frustrada em sua poética. A pesquisa é de cunho bibliográfico, buscando abordar o Modernismo português, a partir dos pressupostos de Moisés
(1981), além de abordar sobre Fernando Pessoa, sua heteronímia, as três fases de Álvaro de Campos, o conceito de poesia e a análise dos poemas, a partir dos estudos de Berardinelli (1986), Matsui (2018), Cortez e Rodrigues (2009), Coelho (1969), Linhares Filho (1998), Santos (2016), dentre outros. Os poemas examinados evidenciaram um intenso cansaço, desgosto, fragmentação, enfado, aversão a tudo e a todos, em decorrência do desejo que Campos possuiu em sentir tudo de todas as formas; da decepção pela modernidade; e das guerras mundiais, as quais possibilitaram grandes modificações na humanidade e nas pessoas.