Os sons do “brega” na sala de aula: músicas e a construção de memórias sobre a ditadura militar no Brasil (1964-1985)
Abstract
O objeto de nossa pesquisa insere-se na discussão e reflexão sobre as
potencialidades das músicas “bregas” no processo de compreensão histórica
sobre a Ditadura Militar no Brasil, partindo das motivações utilizadas para aplicar
censura a algumas composições. A censura estava ligada a questões de
costumes e valores, o que é obsceno, enfim, além de algo remetido à moral; e
também havia um olhar crítico para ideias consideradas tendenciosas. Nossa
problemática era perceber como as formas de “repressão” também estavam
presentes através do preconceito, exclusão social, desemprego denunciadas no
repertório “brega”. Tivemos como objetivo principal, perceber e utilizar a música
“brega” como um instrumento metodológico para a construção do conhecimento
histórico, contribuindo para a reformulação de uma visão crítica sobre o período.
Entendemos, assim, que a música é um objeto de reflexões para analisar
aspectos de nossa sociedade, sejam eles políticos, econômicos ou sociais.
Como metodologia seguimos os seguintes passos: realização de percurso
teórico, discutindo aspectos do negacionismo e revisionismo, análise de
documentos oficiais da “Censura” e destacamos como momento crucial o
processo em que utilizamos a estratégia de pesquisa-ação Tripp (2005),
Thiollent (2011) e aula-oficina de Barca (1999;2006). Dialogamos, em especial,
com os seguintes teóricos: Araújo (2003), Napolitano (2002;2019;2021), Rüsen
(2001;2010), Pinsky (2021), Silva (2017;2021). A experiência em sala de aula,
através da utilização de músicas “bregas” como recurso didático, contribuiu de
forma significativa nos debates e no processo de elaboração de conceitos,
significados e compreensão acerca dos fatos históricos. E o papel do historiador
é justamente estimular nos estudantes a capacidade de pensar, debater e
construir – através das músicas, fontes e bibliografia – uma consciência crítica e
política. Por fim, esperamos contribuir com o trabalho aqui proposto na
ampliação de conhecimentos sobre o período ditatorial, além de dar maior
visibilidade e importância a temas pouco estudados, como é o caso da junção
música “brega” e ensino de história. E a partir de metodologias ativas, incentivar
o protagonismo discente, desenvolvendo autonomia dos estudantes no processo
de construção do conhecimento histórico.