Reaproveitamento de resíduos agroindustriais de acerola e laranja na biossorção de metais pesados do lixiviado de aterro sanitário
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Data
2017-09-06Autor
Souza, Wallas Douglas de Macêdo
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Mostrar registro completoResumo
O aterro sanitário é uma das alternativas mais utilizadas em todo o mundo para a disposição
final dos resíduos sólidos urbanos. O seu lixiviado é um efluente com elevado teor de metais
pesados que oferece riscos para o meio ambiente e tem necessidade de tratamento urgente. O
presente trabalho objetivou desenvolver uma metodologia alternativa para a remoção de
metais pesados do lixiviado, utilizando resíduos (cascas e mesocarpos) de vegetais. O bagaço
da acerola e a casca da laranja foram aplicados para a remoção dos íons metálicos de Cd, Cr,
Cu, Ni, Pb e Zn. O processo de remoção foi acompanhado por espectroscopia de absorção
atômica. A composição elementar, textura dos biossorventes e os grupos orgânicos presentes
na estrutura dos materiais foram obtidas por Fluorescência de Raios-X, Microscopia
Eletrônica de Varredura e Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier,
respectivamente. Avaliou-se os seguintes parâmetros: proporção da mistura, dosagem de
biossorvente, tempo de contato, concentração inicial de adsorbato, temperatura e influência da
matéria orgânica. Por fim, aplicou-se o tratamento no lixiviado bruto proveniente do aterro
sanitário de Mossoró-RN. Constatou-se que os biossorventes possuem superfície e partículas
heterogêneas, com características porosas e propícias à adsorção, em virtude da provável
elevada área superficial e dos grupos orgânicos que compõem sua estrutura. Dentre as
condições que merecem destaque, verificou-se que a mistura de biossorventes é versátil e
pode ser aplicada em condições ácidas e básicas (3 a 9), atingindo sua capacidade máxima na
captura de íons metálicos em apenas 15 minutos de contato. O comportamento cinético possui
característica de uma reação de pseudo-segunda ordem (R2
0,986-0,999), melhor descrita pelo
modelo de isoterma proposto por Langmuir, sugerindo que a adsorção ocorreu em
monocamada (R2
0,999), o que não excluiu a possibilidade de haver adsorção em
multicamada, dando indícios da presença dos mecanismos de quimissorção e fisissorção ao
longo do processo. Com relação a dosagem de adsorvente, a menor massa avaliada foi a mais
satisfatória em termos de remoção de metais (1 g L-1
). Na aplicação em lixiviado bruto, a
afinidade para a captura de metais demonstrou-se semelhante àquela observada em matriz
sintética, mesmo ao se considerar a interferência da matéria orgânica (Cd 97,3%; Cr 59,5%;
Cu 77,1%; Ni 63,4%; Pb 60,2%; Zn 95,4%). De modo geral, verificou-se que a mistura de
biossorventes é promissora para tratamento do lixiviado de aterro sanitário, pois além de
tratar-se de uma técnica simples e de baixo custo, promoveu uma captura expressiva para a
maioria dos metais avaliados.