A contribuição do conhecimento linguístico explícito para o aperfeiçoamento do uso da vírgula de alunos do 9º ano do ensino fundamental
Abstract
Nesta pesquisa, examino como o ensino do conhecimento linguístico explícito explorado numa
perspectiva funcionalista pode melhorar a competência de alunos do Ensino Fundamental em
empregar sinais de pontuação na produção de seus textos escritos. Embora falantes nativos de
uma língua possuam conhecimento tácito sobre as regras de estruturação da gramática de sua
língua, hipotetizo que, para o domínio eficiente da escrita, o que inclui o sistema de pontuação,
é necessário tornar explícitos esses conhecimentos. Nesse sentido, adoto a gramática sistêmico-
funcional como base teórica em particular, por ser uma descrição de sistemas linguísticos que
se pauta em situações de uso e que defende que a língua está em constante interação com o
meio em que ocorre. O fundamento teórico sobre a gramática sistêmico-funcional de minha
pesquisa centra-se em Halliday (1994, 2004), apoiando-me também em outros autores, como
Neves (1997, 2002, 2003, 2004, 2018) e Fuzer e Cabral (2014). Além disso, também me
aproprio de descrições normativas, como as de Bechara (2009) e Cunha e Cintra (2006), já que
ainda são próximas da realidade da escola. Para discutir sobre o conhecimento linguístico
explícito, me amparo, entre outros, em Duarte (2008) e Mendes (2014). Para atingir o objetivo
desta pesquisa, realizou-se uma intervenção em uma sala de aula do 9o ano do ensino
fundamental de uma escola pública no munícipio de Alto Santo (CE). A verificação da eficácia
da intervenção ocorre por meio da aplicação de testes diagnósticos (pré e pós). É, portanto, uma
intervenção pedagógica, com tratamento qualitativo e quantitativo. No que tange aos resultados,
eles são expressos pelo aumento considerável do uso convencional da vírgula para isolar
orações coordenadas assindéticas, na redução do uso não convencional por presença,
principalmente entre verbo e seu complemento, e por menos ausência de vírgula para isolar o
adjunto adverbial antecipado. Notou-se também o aumento da presença da vírgula na
intercalação do adjunto adverbial, assim como houve progressos na identificação de termos
como o sujeito, núcleo do predicado, complementos e adjuntos. Essa identificação torna visíveis
fronteiras sintáticas importantes no uso da vírgula. Não houve avanços no uso da vírgula para
marcar orações subordinadas adverbiais antepostas. Quanto às contribuições no que se refere
ao alcance desta pesquisa, acredito numa influência positiva que se possa levar à prática
pedagógica, minha e de meus colegas, permitindo que nossos alunos acedam a uma
aprendizagem mais reflexiva e, ao mesmo tempo, construtora de sentidos, por meio de um
maior empoderamento linguístico.