Letramento crítico multimodal no ensino de língua portuguesa a partir de tiras
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Data
2020-03-03Autor
Santiago, Leiliane Nogueira
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São diversas as maneiras em que a linguagem pode ser e é empregada para manter e enfrentar
formas de poder (JANKS, 2016), por isso é preciso dar especial atenção para aquilo que se lê
cotidianamente, levando-se em consideração não só o código verbal, mas todos os recursos
semióticos que compõem os textos, visto que a multimodalidade é uma condição intrínseca da
comunicação humana (KRESS, 2010). Diante disso, a presente pesquisa tem como objetivo
analisar o Letramento Crítico Multimodal de alunos do Ensino Médio a partir de tiras. De
modo específico, buscando perceber como os alunos identificam os discursos ideologicamente
naturalizados a partir de elementos verbo-imagéticos das tiras, e procurando analisar de que
maneira eles desconstroem as relações assimétricas de poder nelas representadas. Para tanto,
as discussões desenvolvidas acerca da noção de criticidade e letramento crítico se amparam
nas postulações teóricas de Street (2014), Silva, M. Z. V. (2016), Janks (2012, 2016), Freire
(1981, 1987, 1989, 1996) e, sobretudo, no aporte teórico da Análise de Discurso Crítica
conforme Fairclough (1989, 2001, 2003), Chouliaraki e Fairclough (1999) e Resende e
Ramalho (2006). No que tange às concepções de multiletramentos, multimodalidade e
letramento multimodal, empregou-se o arcabouço teórico do New London Group (CAZDEN
et al., 1996), Cope e Kalantzis (2015), Rojo (2012), Dionísio (2011, 2013, 2014), Jewitt
(2008), Hodge e Kress (1988), Kress (2003, 2010), Kress e van Leeuwen (2006), van
Leeuwen (2017) e Predebon (2015). Sobre a abordagem dada ao gênero discursivo tira, foram
utilizadas as colaborações de Ramos (2016, 2017) e Vergueiro (2014). No atendimento aos
objetivos traçados, realizou-se uma pesquisa predominantemente qualitativa, por intermédio
de uma pesquisa-ação (RICHARDSON, 2017), cujo grupo de participantes foi composto por
oito alunos da 3a série do Ensino Médio de uma escola pública da rede estadual de ensino do
Ceará. A constituição dos dados da pesquisa se deu através das respostas coletadas pelo pré-
teste/pós-teste e pela atividade de redesenho crítico, realizados durante o processo de
intervenção em sala de aula, no qual foram exploradas, à luz da Gramática do Design Visual,
de Kress e van Leeuwen (2006) e da Análise de Discurso Crítica, tiras de Armandinho
coletadas de sua página no Facebook. Consoante os resultados, averiguou-se que os alunos
mobilizam e articulam conhecimentos concernentes a essas duas contribuições teóricas
supracitadas, fatores que contribuíram com a identificação e desconstrução dos discursos
ideológicos que atravessam os textos. De maneira especial, destaca-se, a partir disso, uma
melhoria na capacidade de compreensão dos recursos semióticos que compõem as imagens, o
que possivelmente desencadeou um desempenho mais satisfatório nos demais aspectos
analisados. Em suma, a inter-relação desses conhecimentos, vistos numa perspectiva crítica
mais ampla de construção/desconstrução/reconstrução, conforme Janks (2012), contribuiu
para flagrar e até colaborar com o Letramento Crítico Multimodal dos sujeitos da pesquisa.