Contaminação por transgenia em sementes crioulas nos territórios do Rio Grande do Norte
Resumo
O cultivo com sementes crioulas ajuda na conservação da agrobiodiversidade e, na
sobrevivência das comunidades tradicionais e das agricultoras e agricultores familiares que
as conservam. As espécies que se propagam por polinização cruzada como, por exemplo,
o milho, estão sujeitas à segregação genética prejudicando a conservação das sementes,
especialmente às sementes crioulas cultivadas na agricultura familiar, sendo estas
ameaçadas quando as populações que as conservam estão vulneráveis as pressões exercidas
pelos interesses ligados aos negócios agrícolas, as mudanças climáticas e a degradação dos
agroecossistemas. Essa pressão fica latente no caso das variedades crioulas de milho, que
tem sofrido a contaminação por variedades comerciais transgênicas, promovendo a perda
da variedade genética de uma cultura agrícola tão importante para a agricultura familiar.
Levando-se em consideração esses aspectos, objetivou-se identificar a contaminação
genética de sementes crioulas de milho cultivadas nos territórios rurais do RN, a partir de
análise laboratorial por meio de teste PCR de amostras oriundas de quatro territórios do
RN, sendo: Assu-Mossoró, Sertão do Apodi, Mato Grande e Alto Oeste e foram realizadas
para atender ao Programa Estadual de Sementes Crioulas no RN. Os resultados encontrados
demonstram que 69% das amostras analisadas encontram-se contaminadas por pelo menos
um evento transgênico, evidenciando uma perda significativa de variedade crioulas de
milho, e que a presença de contaminação transgênica ocorre em todos nos quatro territórios
pesquisados no RN. Conclui-se, portanto, que os resultados obtidos reforçam a necessidade
urgente de manutenção das ações de resistência e proteção as sementes livres de
transgênicos.