Compartimentação geoambiental de ambientes semiáridos: O complexo serrano Martins-Portalegre – RN
Resumo
Analisar os componentes naturais de maneira integrada é fundamental para o entendimento da
estrutura e dinâmica das paisagens, junto à ação do homem sobre estas. Assim, a presente
pesquisa tem como objetivo realizar a compartimentação geoambiental do Complexo Serrano
Martins-Portalegre, a partir de uma análise sistêmica. Para isso, foram traçados os seguintes
objetivos específicos: caracterizar os componentes geoambientais e uso e cobertura da terra;
realizar a delimitação das unidades geoambientais e identificar as potencialidades e limitações
da área de estudo. Como embasamento teórico-metodológico, utilizou-se de autores como
Bertrand (1972), Souza, M. (2000; 2007), Lima, Cestaro e Araújo, P. (2010), Oliveira (2012),
Farias (2012), Souza, J. e Corrêa (2013), Cavalcanti (2014) e Medeiros (2016). Buscou-se
informações, também, em sites de órgãos governamentais como o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Empresa Brasileira de
Pesquisa e Agropecuária (EMBRAPA) e o Instituto de Defesa do Meio Ambiente (IDEMA).
Os materiais cartográficos foram produzidos no software QGIS A Coruña versão 3.10.5, em
escala 1:200.000. A partir dessas fases, foi realizada a caracterização geoambiental da área de
estudo, com os aspectos de cada componente geoambiental no contexto integrado da paisagem.
A pesquisa de campo ocorreu com base na metodologia de Cavalcanti (2014), utilizando o
caminhamento livre, em que os pontos foram marcados conforme a variabilidade paisagística
da área, sendo coletados 98 pontos. Posteriormente ao trabalho de campo houve a
sistematização dos dados coletados e por conseguinte, a compartimentação geoambiental.
Nesse sentido, adotou-se como unidade taxonômica o geocomplexo de Bertrand (1968; 2007),
com a utilização do relevo como critério principal para a delimitação das unidades
geoambientais. Para as potencialidades e limitações utilizou-se a metodologia de Ross (1994;
2012) classificando as unidades em graus de fragilidade de muito fraco (1) a muito forte (5). A
partir da aplicação dos procedimentos metodológicos, obteve-se como resultado 08 (oito)
Unidades Geoambientais, sendo: Unidade Geoambiental Chapadas e Platôs com Latossolos,
Floresta Estacional Semidecidual e Savana Estépica Florestada; Escarpas Serranas com
Neossolos e Savana Estépica Florestada; Planaltos com Neossolos, Latassolos e Savana
Estépica Florestada; Vertentes Recobertas por Depósitos de Encosta com Planossolos,
Argissolos e Savana Estépica Arborizada; Unidade Geoambiental Domínio de Colinas
Dissecadas e Morros Baixos com Luvissolos e Savana Estépica Arborizada; Inselbergs e Outros
Relevos Residuais com Argissolos e Savana Estépica Arborizada; Superfícies Aplainadas,
Retocadas ou Degradadas com Argissolos, Planossolos e Savana Estépica Arborizada e
Planícies Fluviais ou Flúvio-Lacustre, com Argissolos e Savana Estépica Arborizada. Desse
modo, os resultados dessa pesquisa se apresentam como uma contribuição ao entendimento do
Complexo Serrano Martins-Portalegre de maneira integrada, uma vez que, é uma área marcada
por características de enclave dentro do contexto semiárido, sendo considerada de importância
biológica extremamente alta e prioridade de conservação alta. Ademais, além de trazer novas
informações e análises, foi capaz de reunir as informações isoladas já existentes em diversos
trabalhos de municípios que compõem a área de estudo, caracterizando-se como um importante
banco de dados e se constituindo como um instrumento fundamental para o planejamento, bem
como a gestão do território.